Geografia e literatura afro-brasileira: um diário socioespacial a partir de quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus
Resumo
De uma favela na cidade de São Paulo às primeiras páginas dos noticiários, eis que surge pelos cantos da sala, do quarto, das ruas, Carolina Maria de Jesus, na década de 1960, escrevendo diários de sua vida difícil. A principal obra da autora, Quarto de despejo (1960), relata e denuncia o processo de higienização socioespacial ocorrido na cidade de São Paulo, reverberando na formação da favela do Canindé, local onde seus “dias e noites” são escritos, vividos e sentidos. Carolina Maria de Jesus, então, inaugura a partir do seu diário uma literatura afro-brasileira do cotidiano atravessada por sentimentos, tensões, denúncias e – por que não? – geografias. Partindo dessas premissas, o presente texto emana dos versos da autora, e deles discorre sobre a possibilidade de pensar a geografia inscrita a partir não apenas de um livro, mas de um lugar, suas desigualdades, suas vidas e sensibilidades, dali, de um quarto de despejo.
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