A metapolítica do bolsonarismo: considerações sobre o modus operandi da extrema-direita brasileira
Resumo
A ascensão da extrema-direita nos últimos anos tem chamado a atenção de muitos estudiosos, mas nenhum deles foi capaz de supor que a candidatura e a vitória presidenciais de Jair Messias Bolsonaro no ano de 2018 pudessem mobilizar tantos adeptos. Tal fenômeno tem sido chamado de bolsonarismo e, recentemente, deu mostras de sua força por ocasião da comemoração pelo bicentenário da independência do Brasil em 7 de setembro realizada na praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Baseado em observações extraídas deste trabalho de campo e no conceito de metapolítica definido por Benjamin Teitelbaum em seu estudo sobre a rede tradicionalista envolvendo Steve Bannon nos Estados Unidos, Alexsandr Dugin na Rússia e Olavo de Carvalho no Brasil, argumentamos que o bolsonarismo, caracterizado sobretudo pelo anti-comunismo, pelo militarismo e pela família cristã, opera uma fusão assaz particular entre culto e política da qual a eclosão do significante “mito” é um de seus principais desdobramentos e, emblematicamente, uma de suas chaves-explicativas. Concluímos que o bolsonarismo é um fenômeno que excede a esfera da política permitindo, assim, uma leitura ampla do modus operandi da atual extrema-direita no Brasil.
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